Da soleira da porta avisto
A chama alta, farta e esplendorosa
Da vela num pires de porcelana.
Aspiro o odor cálido que emana
E vejo reacender belas lembranças......
Crianças cantam em volta da mesa:
“Parabéns pra você...”e eu tento
Apagar a chama que logo ressurge;
Na impaciência, pois meu tempo urge,
Escondo a vela num pote de grude......
Noite estrelada vai criando um “clima”.
A mesa na penumbra e o garçom, discreto,
Acende a vela e teu olhar inflama.
Como despedida da vida mundana,
Toma minhas mãos e diz que me ama.
Da soleira da porta avisto
A chama alta, farta e angustiante...
Uma lágrima de cera, no pires, desce;
Um odor fúnebre emana, entristece
E feias lembranças reaparecem......
Quando chorei por meu irmão amado;...
Quando roguei para que Deus me acordasse
Do “pesadelo”que levou meu amigo,
Meu herói, meu cais, meu pai, meu abrigo...
E a vela lá, queimando comigo...